Branca de Neve, 2025.


 Diretor: Marc Webb 

Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot, Andrew Burnap 

 

A convite da Studio Z e dos estúdios Disney, fomos convidados para assistir a Branca de Neve, novo remake em live action de uma animação clássica da Disney. O clássico Branca de Neve e os Setes Anões, de 1937, encantou o mundo como a primeira animação a cores em longa-metragem da Disney e é eternizado no imaginário pela beleza e inocência da protagonista. Os desenhos e músicas do filme permanecem como ícones culturais e estéticos da indústria do entretenimento. O que o remake da Branca de Neve faz é diminuir o impacto desse clássico e até lobotomizar os olhos do público ao trazer às telas um filme sem vida, sem cor e sem qualquer nuance do original. As referências nos figurinos são óbvias, mas até nisso parece faltar verve, como a ausência de ânimo, de alma mesmo, no que é levado à tela. 

Claramente, o talento vocal de Rachel Zegler é utilizado no filme, mas a tentativa de incluir músicas no estilo mais pop aproxima o longa de uma peça B da Broadway e esquece o canto lírico operístico do original de 1937. Os doetos com Andrew Burnap chegam a causar dor física. A falta de carisma causa um efeito adormecedor em quem assiste. Me recuso a comentar sobre Gal Gadot cantando músicas originas como a Rainha Má. A dificuldade da atriz já era esperada e tinha-se a esperança de que fosse utilizar a icônica beleza da personagem como fundamento de sua atuação, no entanto, se perde em caras e bocas e expressões superlativas. Não se acrescenta qualquer profundidade ou motivação à personagem e a deixa mais embotada e diminuída na busca quase insignificante pela aprovação de uma voz masculina no espelho mágico. 

A sequência do caçador e Branca de Neve na floresta requer uma interpretação de inocência e pureza que Rachel Zegler não consegue expressar. Depois, as cenas se perdem em uma viagem que poderia ser um passeio em alguma montanha russa dos parques da Disney. 

A aparição dos Setes Anões chega a ser quase medonha pelos efeitos especiais implementados. Talvez tenha sido a intenção fazer a distinção entre gnomos de jardins e pessoas com nanismo. Os Sete Anões são retratados como seres mágicos e talvez seja o mais próximo de um acerto que os produtores conseguiram chegar. As cenas com os anões têm a dose exagerada de comédia, mas bem dosada quando se pensa no público infantil do filme. 

O final do filme é absolutamente mal resolvido. Numa espécie de revolução silenciosa, Branca de Neve surge como uma líder sonolenta e sem fibra que apela à memória do reino anterior à chegada da Rainha Má como forma de incitar uma desobediência civil. A Rainha Má simplesmente corre de medo e morre vítima da magia do espelho mágico. 

Ao final, não sei qual lição ficou para as novas gerações que serão apresentadas ao antigo clássico conto de fadas. Pode ser um sintoma dos tempos: os contos de fadas acabaram e só nos resta a dureza da realidade embotada de cores. Que este filme seja um sinal que não vale a pena fazer tantos remakes. Alguns clássicos merecem ser respeitados e a melhor forma de fazer isso é deixá-los quietinhos em seus lugares e revisitá-los quando der saudade no streaming da Disney+. 





Sousen (@Damienmaia)

Colunista e diretor criativo da Oniiverse!

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