Critica - Senhor dos anéis a Guerra de Rohirrim


 Falar sobre qualquer adaptação das obras de J.R.R. Tolkien é delicado, pois sempre estamos lidando com um terreno espinhoso e repleto de sentimentos intensos. Contudo, ao nos depararmos com os nomes Peter Jackson (diretor e roteirista da aclamada trilogia O Senhor dos Anéis), aqui atuando como produtor, e Kenji Kamiyama (renomado diretor de animações) em um cartaz com letras garrafais acima do título "SENHOR DOS ANÉIS: A GUERRA DE ROHIRRIM", qualquer fã, seja novo ou antigo, se sente empolgado.

Mas a animação decepciona logo que o filme começa...

Os materiais promocionais da obra traziam a ideia de que iriam capturar o espírito dos primeiros filmes e nos imergir naquele mundo, agora em forma de animação. No entanto, eu não esperava que isso fosse tão literal. Todos os personagens apresentados são uma junção de características de diversos ícones dos filmes: frases, trilha sonora, trejeitos e situações são trazidos de forma quase forçada, como se o diretor estivesse gritando a todo momento: "Vejam! Estamos falando de O Senhor dos Anéis, mas o de Peter Jackson, não o de Tolkien ou o da Amazon".

Tudo na animação não apenas se baseia na adaptação de Peter Jackson, como parece uma amálgama de tudo o que ela representa.

A história se passa 200 anos antes de Bilbo Bolseiro encontrar o Um Anel. Situada no reino de Rohan, traz como protagonista Hera, a valente e aventureira filha mais nova do rei Helm Mão-de-Martelo. Após acidentalmente matar um de seus vassalos, Helm bane o filho mais novo deste, o que gera nele uma sede de vingança contra o rei.

A partir daí, a trama se concentra apenas no desenvolvimento e desenrolar dessa vingança. O antagonista é construído de forma rasa: tudo o que os outros personagens atribuem a ele — adjetivos como "genial, feroz, persistente e calculista" — é jogado por terra diante de suas decisões, que frequentemente contradizem os conselhos de seus subordinados, chegando a ser cômico.

A narrativa como um todo é fragmentada. Tive a mesma sensação de quando li Contos Inacabados: um compilado de histórias que não pretendem ser conclusivas. Contudo, enquanto essa sensação é intencional nos livros, aqui isso parece um problema. O filme abre diversas pontas e não fecha nenhuma delas, fazendo parecer que estamos assistindo a três filmes distintos com os mesmos personagens e ambientação. O resultado é estranho e desconexo.

Minha maior decepção, confesso, foi que, nas adaptações de Peter Jackson, os cenários e efeitos práticos foram grandiosos, mesmo com as limitações da época. Até hoje, é difícil superar o trabalho entregue, praticamente sem CGI. Agora, com uma animação, onde o único limite é a criatividade, o que recebemos foi uma obra travada, sem fluidez e artisticamente limitada.

Por fim, acredito que perdemos uma oportunidade incrível de explorar uma história interessante na Terra Média por meio de uma animação de qualidade.

O que recebemos foi, na verdade, um culto aos filmes de Peter Jackson.


Paulo Victor (@pv_onii)


CEO da Oniiverse!

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