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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Crítica do filme “Nosferatu”

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  O medo não é da escuridão, mas sim do que nela se arrasta. “P or falta de um prego perdeu-se a ferradura. Por falta da ferradura, perdeu-se o cavalo. Pela falta do cavalo perdemos o cavaleiro. Sem o cavaleiro perdemos a batalha e, por falta desta, perdemos a Guerra”. Tenho este parágrafo quase que de cor. Digo quase pois suas palavras se esvaem conforme passa o tempo. Desde quando eu era um menino que tinha medo do escuro. Hoje não tenho mais medo da escuridão, mas sim do que nela se esconde.  A razão de escolher começar esse texto através deste parágrafo vem do fato de que a existência deste filme que assistimos se deu através de algo tão caótico quanto o fato de se perder um prego: Murnau, diretor do filme original (Nosferatu: Uma Sinfonia do Horror - 1922) não possuía os direitos de uma adaptação cinematográfica da obra Drácula , do escritor irlandês Bram Stoker. Mesmo assim “adaptou livremente” o livro para filme, o que gerou todo um imbróglio jurídico que resultou na q...

Queer - 2024 Crítica

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  O filme Queer (2024), de Luca Guadagnino, fala mais sobre a solidão queer do que sobre a vida queer. O filme estrelado por Daniel Craig, que foi indicado para o Golden Globe e Critics Choice Award na categoria Melhor Ator, inicia com o foco na vida noturna de um homem homossexual, “queer”, aqui a palavra tomando o sentido de “bicha” na tradução das legendas, mais velho, que caça rapazes pela noite da Cidade do México,  dos anos 40, e que aos poucos vai revelando uma solidão profunda e inescapável. A carência emocional e a libido sexual de Lee são ambas insaciáveis ao ponto de ser doloroso testemunhar até onde ele pode se deixar afundar para suprir essas necessidades. Tudo isso parece chegar a outro nível quando ele vislumbra um jovem rapaz que parece mais uma aparição no meio da paisagem árida e hostil daquelas ruas. Lee passa a praticamente stalkear o jovem Eugene Allerton (Drew Starkey), sem ter certeza da sexualidade dele. Um jogo sensual de toques e conversas pomposas re...

Critica - Senhor dos anéis a Guerra de Rohirrim

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 Falar sobre qualquer adaptação das obras de J.R.R. Tolkien é delicado, pois sempre estamos lidando com um terreno espinhoso e repleto de sentimentos intensos. Contudo, ao nos depararmos com os nomes Peter Jackson (diretor e roteirista da aclamada trilogia O Senhor dos Anéis ), aqui atuando como produtor, e Kenji Kamiyama (renomado diretor de animações) em um cartaz com letras garrafais acima do título "SENHOR DOS ANÉIS: A GUERRA DE ROHIRRIM", qualquer fã, seja novo ou antigo, se sente empolgado. Mas a animação decepciona logo que o filme começa... Os materiais promocionais da obra traziam a ideia de que iriam capturar o espírito dos primeiros filmes e nos imergir naquele mundo, agora em forma de animação. No entanto, eu não esperava que isso fosse tão literal. Todos os personagens apresentados são uma junção de características de diversos ícones dos filmes: frases, trilha sonora, trejeitos e situações são trazidos de forma quase forçada, como se o diretor estivesse gritando ...