Wicked, 2024
Direção - Jon M. Chu
Se os musicais têm a obrigação de serem mágicos, Wicked consegue ser fantasticamente esplendido e assombroso com tanta magia nas telas. Fazia tempo que não me sentia tão imerso na poltrona do cinema.
A história de Wicked é conhecida pelos fãs de musicais da Broadway e do seriado Glee, dos idos dos anos 2010, naquele episódio em que a Rachel e o Kurt disputam quem consegue alcançar a highnote da canção Defying Gravity. Já assisti a Idina Menzel e a Kristin Chenoweth como Elphaba e Glinda dividindo os versos dessa canção icônica nos cortes do Youtube e estava entre os fãs de Ariana Grande ansiosos por ver a cantora nos cinemas vivendo um personagem brilhante, alegre e tão caricato.
E ela simplesmente arrasa. Não tem como não se surpreender com a abertura do filme, ouvindo a cantora usando sua voz de forma tão diferente de seus hits fonográficos. É maravilhoso assistir Ariana dançando e atuando, desde as cenas mais densas e emotivas, que, sim, me fizeram falhar em segurar as lágrimas, até o timing de humor maravilhoso que ilumina a tela e aquece nosso coração. Em certo ponto, esqueci que era Ariana Grande, o ídolo pop, e só conseguia ver a personagem Glinda, com todas as suas contradições agridoces, tentando se autoafirmar e conhecendo a dureza da realidade através da amizade genuína e cheia de amor com Elphaba.
E como descrever a força de potência que é a Cynthia Erivo?! Uma atriz maravilhosa, uma cantora poderosíssima, uma performer dominante e fulgurante! É um deleite, um presente assistir Cynthia nas telas. A atriz consegue trazer a fragilidade e a força incrustada da personagem da Elphaba, que parece sempre ter uma tela fina que separa do mundo toda a ebulição de seus sentimentos, de tanta exclusão, de tanto preconceito pela cor de sua pele, pelas injustiças sofridas, da rejeição desde seu berço, tudo preso em um nó na garganta, tudo pronto para explodir em um raio fulgurante de força, poder, glamour e coragem! Elphaba é única em tudo que faz e se mostra. A personagem desabrocha e voa livre e com satisfação nas telas! É lindo de se ver!
Já a amizade improvável entre Elphaba e Glinda é o amor mais puro que vamos ver em Wicked. A relação das duas já está sendo aclamada como o exemplo de sororidade para as gerações futuras de garotas e mulheres que vão crescer assistindo o filme. Além disso, a relação entre Glinda e Elphie ecoa no sentimento de philia, o amor quando se enxerga o outro e se partilha a boa vontade. E a cena em que a relação entre as duas se torna transparente e elas se mostram de maneira honesta, mesmo sem mudar nada de si, é uma das mais comoventes. Talvez o mais mágico na amizade seja essa aceitação sem barreiras, somente abraço, ternura, afeto.
Não dá para deixar de fora a espetacular Michele Yeoh como Madame Morrible, uma personagem de autoridade e com certas razões sombrias em suas atitudes. Jeff Goldblum como o Mágico de Oz também é espetacular. Até Peter Dinklage consegue entregar uma performance comovente como a voz do Dr. Dillamond, o professor GOAT, em uma trama que nos leva ao lado mais nefasto do país de Oz.
E tudo vai às telas de forma singela e forte na direção de Jon M. Chu, tendo nas mãos o maior orçamento para um filme em sua carreira. Com tanta responsabilidade, o diretor tomou decisões ousadas e a Universal comprou a aposta. O resultado de se fazer um musical sem medo de ser feliz é o espetáculo que vai às telas no dia 21 de novembro.
Só posso agradecer pelo convite da Universal e da Studio Z para assistir Wicked. Um filme mágico de tirar o fôlego, seja cantando as músicas, tentando em vão alcançar as notas de Cynthia e Ariana, seja segurando o fôlego vendo a Bruxa Má voar em velocidade supersônica em direção ao Oeste!
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