Quando eu Me Encontrar - crítica

 


Quando eu Me Encontrar trata a partida de uma filha, que deixou para trás sua mãe, sua irmã mais nova, seu noivo. Mas não a partida da morte, e sim, de ir embora. Dayane, do dia pra noite, resolve partir da vida monótona que levava. 


E exatamente esses três personagens e seus entendimentos sobre essa situação é quem viram os protagonistas.


É aquele típico filme produzido na sua cidade natal, e você agradece por isso, porque é como se tudo se encaixasse perfeitamente, não o enxergo sendo produzido em outra cidade que não seja Fortaleza, por exemplo. 


O luto não é só a morte. As fases são as mesmas pra quem vai embora e deixa pessoas pra trás. Pessoas estas que não esperam por isso. Pessoas estas que não entendem de primeira. E aí, vamos para a primeira fase, negação. Antônio retratou bem essa. Indiretamente, Mari e Marluce também. 


Aí, vamos para a raiva, Mari trouxe isso muito bem ao estar na festa, ao falar da irmã com os amigos na praia e no Parque Rio Branco. 

Depressão, Marluce, sozinha em casa, tristonha, mas em nenhum momento tentou parecer tão preocupada. 

Em nenhum momento tentou expressar o quanto aquilo a machucou e o que ela poderia ter feito para evitar tal acontecimento. 


Mari, então, no auge da sua adolescência, escola particular, alunos de classes sociais diferentes, amiga que foi abusada, sentimentos à flor da pele, claramente não lida tão bem com a perda, e, de maneira compreensível, até culpa a Marluce por isso. 


Cecília, aquela que ''ainda bem'' que não vomitou no plástico do Antônio, se encontra a mais tranquila dali, por saber que sua amiga está bem, mas com uma promessa, aparentemente, não pode contar o paradeiro de Dayane. 


Inclusive, quando chegamos a esta parte do filme, entramos na fase da ''aceitação'' da partida da Dayanne. Se ela foi embora, foi um motivo, e a gente lembra de alguns momentos da nossa vida que queríamos fazer o mesmo. Sabe aquele momento que dá vontade de jogar tudo pro alto? Sumir do mapa, sem contar pra ninguém? Ter aqueles momentos de paz consigo mesma, porque o mundo tá bagunçado demais, mas a vida está monótona demais? É um ato de coragem. Dayanne teve uma atitude que muitos de nós só queríamos ter em algum momento. 


Cada personagem teve seu momento, cada personagem teve sua fase do luto. E o final não poderia ser melhor. Tudo se encaixou como deveria ter se encaixado. Não senti que deveria ter mais isso ou mais aquilo, foi um típico quebra-cabeças de 500 peças, que quando chegou na última, deu aquela sensação de dever cumprido. 


Inclusive, meus elogios sinceros as cenas, as cores, os lugares que foram gravados. Coisa boa é ser de Fortaleza, viu? Se eu pudesse dizer uma frase sobre o filme, seria: as coisas acontecem, sejam boas ou ruins, o mundo não vai parar por tal acontecimento. Cada sentimento é válido, cada dor deve ser doída, cabe a você tirar um tempo pra si e compreender o que aconteceu, do porquê aconteceu. 

Aí você entende, e você fala: eu já tive vontade de fazer a mesma coisa que Dayanne. Eu entendo Dayanne. 






Lara Lima (@larim.acopy)

(colunista na Oniiverse)


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