Até Breve, Rita
Agora só falta você
Rita era um complexo fruto de contradições. Seu pai, americano, era sisudo e fechado. Sua mãe, italiana, era alegre e extrovertida. Seu pai, protestante e maçom. Sua mãe, católica fervorosa. Sua irmã mais velha com lapsos de rebeldia. Sua irmã do meio, quietude. E Rita? Uma força da natureza. Artista e arteira e Arte, porque não.
Rita era uma polímata na melhor acepção da palavra. Desenhava, escrevia, atuava, compunha, cantava e era multi-instrumentista. Fez aulas de piano, tocava bateria e no interesse de aprender a tocar baixo acabou tendo contato com os irmãos Arnaldo Baptista e Sergio Dias, tempos depois, a banda conhecida como Os Mutantes. Nessa época eles conhecem Gilberto Gil, que os convida para acompanhá-lo no Festival da Record de 1967. E foi na companhia e benção de Gil que a jovem Rita, com então 20 anos, iniciou sua carreira profissional.
Os Mutantes teriam uma série de separações e reencontros. Mas dessas separações surgiu a Rita compositora. Alguém que fazia música porque gosta "de saber como as pessoas são".
Em agosto de 1976, durante a Ditadura Militar que assombrava o país, Rita foi presa após investigadores "encontrarem" drogas em sua casa sendo condenada a um ano de prisão domiciliar (que seria posteriormente relaxada para seis meses). Inclusive nesse período ela precisou de uma autorização especial para poder ir a maternidade dar a luz ao seu primeiro filho com Roberto de Carvalho, guitarrista e pianista.
Rita e Roberto se conectaram ao dividir o teclado de um piano. Desde essa época os dois criaram uma ligação que perdura até hoje. Nessa época Rita pode se soltar para nunca mais se prender.
Rita fez tudo o que pode fazer com excelência. A excelência de Rita.
Até breve e que sua música ecoe até o infinito.
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