Power Ranger: Agora e Sempre

Uma vez Ranger, sempre Ranger
Inácio Saldanha, Oniiverse! Podcast

Eu fui uma criança que assistiu tokusatsu na extinta TV Manchete até dar uma dor. O conceito de pessoas vestidas com roupas coloridas e capacetes estilosos não era estranho para o meu círculo de amizades. O tempo foi passando, as séries da nossa infância foram mudando até que, em uma bela manhã vi novamente outro desses esquadrões coloridos só que, dessa vez, na Globo. 

Como uma criança eu realmente achei que se tratava de uma obra original (afinal não estamos falando de tvs de alta resolução onde você percebe claramente que as cenas foram gravadas em países diferentes) e acabei gostando. Como 99% das crianças que assistiam Super Sentai eu tinha meu personagem preferido: o Billy.

Chegamos em 2023. Sento aqui na hora do almoço pra assistir Power Rangers: Agora e Sempre como tantas vezes eu o fiz na minha vida. E, qual a minha surpresa ao ver que o primeiro personagem é o meu favorito. Billy aparece sozinho em uma batalha contra uma versão robô da Rita Repulsa e, quando a derrota parecia inevitável, surgem os outros Rangers para ajudá-lo. 

Sabemos que uma parte considerável do elenco original de Mighty Morphin não apareceu nesse especial por conta de questões pessoais, o que acaba tirando um pouco das relações interpessoais que poderiam ser construídas. Mas o roteiro é construído para que a gente não se preocupe com questões de profundidade: seu roteiro é construído para parecer, de fato, um episódio dos anos 90 e isso é ótimo.

Quando Adam e Aisha aparecem falando com a equipe e dizendo que não poderiam chegar a tempo, o segundo Ranger Preto comenta o quanto a tecnologia de invisibilidade que o Billy criou tá sendo importante. Só pra ter uma linha justificando o uso desse equipamento mais à frente. Assim como é a saída para prender os monstros da Rita em um imã. Não precisa fazer sentido. E, novamente, isso é maravilhoso.

Thuy Trang, a intérprete da primeira Ranger Amarela, faleceu em um acidente de carro em 2001. Aqui no especial eles dão uma despedida para sua personagem, a Trini, através de um ato altruísta. Em seu lugar temos sua filha, Minh Kwan (interpretada por Charlie Kersh) que busca vingança contra Rita. Em vários momentos mostra-se inconsequente (o que acaba trazendo problemas a ela) mas depois mostra-se digna de honrar o legado de sua mãe. 

Preciso dizer que somente uma coisa me incomodou nesse especial: a cena de luta com o Megazord. Para toda uma geração o Megazord é o robô gigante mais icônico da franquia. No original tanto o Megazord como os monstros eram pessoas reais o que acabava limitando as movimentações. Entretanto essa limitação fazia com que os golpes tivessem mais peso. Aqui usaram algo que tenho visto já a algum tempo que é o uso único de CGI para a luta. Eu achei que essa parte me tirou a nostalgia que tava sendo entregue até agora com, por exemplo, saltos onde você sabia que existiam cabos puxando os atores.

No geral eu gostei bastante. É impossível não se emocionar com a cena final e também com a recriação da abertura clássica de Mighty Morphin Power Rangers. 

Rita tinha um plano de encontrar com o seu eu do passado. Eu sei que eu também gostaria de encontrar o jovem Inácio e, após vir com o prato fumegante da cozinha, sentar no chão, ligar a tv e aproveitar aqueles momentos que não voltam mais. 

E isso é ótimo.

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