John Wick 4 - RESENHA SEM SPOILERS
A história retoma a narrativa momentos depois das cenas finais do terceiro filme, algo também comum nos longas anteriores. O que impressiona é a evolução do diretor Chad Stahelski, e não só nas cenas de ação, mas principalmente nelas. A direção sabe explorar bem todo o ambiente em que John Wick trafega, consegue brincar com as piadas da franquia e inova em um screenplay de tirar o fôlego em cenas impactantes. Como é sem spoilers, não consigo citar os takes mais impressionantes, mas a visão do diretor sobre o que é uma cena de ação de excelência é levada às telas com toda a empolgação e o amor que Chad nutre pelo gênero. E contagia demais, faz você vibrar, tremer e torcer pelos personagens.
A evolução na fotografia (Dan Laustsen) e no design de produção (Kevin Kavanaugh) é um reflexo do aumento progressivo de investimentos na produção dessa franquia lucrativa. E vê-se que os recursos estão sendo muito bem empregados. Fotografias dignas de proteção de tela com o personagem icônico bem enquadrado são múltiplas durante o longa. O requinte e a precisão do design em certas cenas dão ainda mais valor e imersão à história e até à mitologia do filme, sem falar no arsenal ilimitado de armas de fogo, facas, katanas, arcos e outros tantos instrumentos sem fim, sempre com ênfase a um tipo de arma letal ou novo recurso na profissão de assassinar ou estourar miolos. Consigo lembrar do terno à prova de balas, apresentado em John Wick 2, da escopeta estourando crânios de soldados blindados, em John Wick 3. E agora também temos uma arma de fogo bem interessante caindo nas mãos do personagem e causando estragos dignos de manobras arriscadas de dublês.
Em John Wick 4, o protagonista divide a tela com outros personagens muito carismáticos. Com o passar da franquia, os longas parecem saber dividir bem a ação das cenas e não cansam tanto a imagem de Keanu Reeves, que contracena bem com os demais personagens e compartilha as sequências de ação de maneira bem fluida. Você consegue se importar com os demais assassinos que atravessam o caminho de John Wick. Eles não vão ser só corpos deixados no caminho. O enredo encontra o espaço devido para contar histórias e conflitos que dão sentido às ações desses coadjuvantes e fazem você querer ver mais cenas deles lutando e evoluindo em suas jornadas.
Apesar da estrutura de sidequests se manter no quarto filme, não compromete a imersão na história por entregarem sequências bem dirigidas de ação. Pessoalmente, algumas missões do personagem poderiam ter menos tempo de tela por serem meras justificativas de evolução de enredo e desviarem do plot principal. Tal fato é tão real, que você sai da sessão e já se esqueceu delas…
O quarto filme também parece tentar aglutinar dinâmicas apresentadas nos longas anteriores. No primeiro filme, já somos introduzidos ao codinome Baba Yaga, o Bicho-papão, dado pela máfia russa a John Wick, ele é implacável. E sabemos por que ele recebe esse nome no segundo filme, quando ele invade sem ser notado uma festa da máfia italiana e rompe com regras absolutas do mundo dos assassinos, ele é inescapável. No terceiro, não há clãs de assassinos que possam feri-lo, John Wick é uma entidade invencível. No quarto filme, o diretor revisita todas essas características do personagem e acrescenta poucas nuances a ele. Até quando parece que talvez o personagem sinta algum remorso pelos danos colaterais que causa em sua empreitada contra a Cúpula, tudo parece justificável em nome de sua vingança e de seu ciclo de violência. Mas talvez essas não sejam preocupações que afastem os fãs de John Wick. Afinal, a gente foi lá para ver uma coisa: porradaria elevada!
Dito isso, o filme entrega o que promete e vai além! Sim, é tudo ainda melhor do que nos longas anteriores! Sim, eles se superam e inovam na ação levada ao cinema! É uma maravilha assistir tanta pancadaria! E tudo por causa de um cachorro? Yes, don’t fuck with dogs… or cats…
Sousen
Colunista e diretor criativo da Oniiverse!
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