O legado de Glória Maria




 

Jornalista, mulher, mãe e desbravadora de países nas horas vagas, Glória Maria nos deixa nesta quinta-feira (2/2), pela temível doença do século. É de imenso respeito que nós da Oniiverse, faremos uma pequena linha do tempo de sua vida até aqui.

 Glória desde sempre se destacou na escola, participando assiduamente em concursos de redação e vencendo todos eles. Vale ressaltar que ela veio de colégio público; aprendeu inglês, francês e latim. Finalmente, ingressou na PUC e conciliava estudo com trabalho, como telefonista na Embratel.

 Em 1970 traçou seu caminho na globo, sendo radioescuta de uma filial do Rio. Lá, ela escutava as frequências de rádio da polícia, fazia ronda de telefone e ligava em delegacias para descobrir possíveis pautas na cidade. No ano seguinte, é convidada para ser repórter e é aí que ela se consolida, cobrindo vários eventos históricos, inclusive o desabamento do Elevado Paulo de Frontin. Seguiu sendo repórter de vários telejornais, na época, ela foi a primeira repórter a aparecer ao vivo, assim como a primeira matéria a cores do jornal. Por fim, ingressou no Fantástico em 1986. Doze anos depois, é carimbada como apresentadora, onde ela fez entrevistas marcantes com celebridades internacionais, como Madonna, Leonardo Di Caprio e até Michael Jackson. 

 Sempre genial, se destacando em tudo que fazia, vem como um símbolo de resistência como mulher. Desbancando o machismo e o racismo, ela era a exceção nas universidades. Infelizmente, sabemos a realidade racista de nosso país. Glória era uma imposição apenas por ocupar uma vaga. Ser repórter, negra, em rede nacional é de tamanha importância. Ela foi pioneira em todos os sentidos.

 Por muitos anos ser mãe não era um plano, como mulher, sabemos a pressão que nos é colocada para esse papel, maternidade. Glória, sempre bem resolvida, apenas trabalhou. Quando deu uma pausa da TV, fez uma viagem como voluntária na Índia e Nigéria. Então, em 2009, voltou para o Brasil e adotou Laura e Maria. Atualmente com 14 e 15 anos, respectivamente. Em uma entrevista para o programa Encontro, ela relata: “Eu nunca quis ser mãe. O trabalho me preenchia, minha vida era perfeita. Elas surgiram por acaso”. Reitero que, de forma natural, a maternidade chegou para Glória e foi tranquilo, como deve ser.

 Para finalizar, Glória como desbravadora de países. No total, ela passou por 163. Contabilizou vários passaportes, várias histórias e culturas. Viajar sempre foi um sonho para ela, por ter vindo de família pobre, não tinha oportunidade. Sua primeira viagem foi aos 17 anos, pela TV Globo. A partir daí, o desejo de se doar ao mundo apenas cresceu. Em uma das suas últimas entrevistas, confessou: "Cada um nasceu para uma coisa e eu nasci para estar no mundo".

 Com certeza, Glória viveu. E sempre será lembrada como inspiração para muitos. Seja no profissional ou pessoal. Apenas morre, quem é esquecido e Glória nunca será esquecida.




Fernanda Grazielle (srabugs)

Editora chefe e revisora na Oniiverse!



Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Duna: Parte Dois - Quero ver dormir agora

O menino e a garça – Belíssimo, lindo, mas não entendi nada!

O dublê