I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston
Uma cinebiografia NÃO É um documentário
Por Inácio Saldanha - Oniiverse Podcast
Sim, eu fui um pré-adolescente que tinha gravado o filme O Guarda-Costas (1992) em uma fita VHS na velocidade mínima para que coubessem três filmes. Assisti esse filme algumas dezenas de vezes e o rebobinei outras tantas, para que pudesse copiar as traduções das letras cantadas pela eterna Whitney Houston. Naquela época, todo mundo estava escutando "I’ll Always Love You" no entanto a música que eu copiei era "I have nothing". Meu caderno de letras não existe há muito tempo, mas o carinho e a nostalgia por essa época estarão comigo para sempre.
Assisti "I Wanna Dance with Somebody" e já vou logo dizendo que, ao contrário da trajetória trágica da cantora, temos aqui um filme que quando mostra algo nesse sentido, acaba sendo superficial. Em relatos de seus familiares em entrevistas, são mencionados abusos sofridos por ela, tanto em sua infância quanto em seu casamento e que, aqui neste filme, não são apresentados. Quando vi o trailer onde aparecia “dos produtores de Bohemiah Rapsody” percebi que eu não deveria esperar assuntos "espinhosos" no longa. Ambos são cinebiografias autorizadas e produzidas por pessoas diretamente envolvidas o que explica esse “cuidado” ao lidar com os assuntos. No entanto, os dois filmes abrem a possibilidade do público procurar saber mais, em outras fontes. Mas nada vai impedir que alguém trate-o como uma obra cem por cento fiel. A edição do filme é um pouco estranha. O início e o fim do filme ocorrem no American Music Alwards do ano de 1994. Nesse meio tempo é contada a história da vida de Nippy, (apelido de Whitney) através de um flashback para 1983 até 2012. A confusão está nos cortes: o primeiro flashback conta com uma legenda dizendo ano e local. Depois começam a vir cenas que, se você não conhece a história da cantora, não vai conseguir encaixar os fatos cronologicamente. A maquiagem não passa uma sensação clara de mudança de tempo e, quando nos damos conta, uma criança está adulta. Algumas cenas importantes passam muito rápido e outras demoram demais para acabar. O maior acerto do filme, sem sombra de dúvidas, está na protagonista. Naomi Ackie é maravilhosa em todos os sentidos. Entrega demais nas cenas que precisam de mais peso emocional e está muito bem nas cenas onde precisa cantar. Não tenho certeza da técnica que utilizaram para trazer a tessitura vocal da Whitney (se foi restaurando as master tracks, se foi usando uma cantora profissional, se a própria atriz cantou ou uma mistura de tudo) mas o fato é, não parece falso. Ela faz o vibrato, ela deixa transparecer as veias do pescoço, ela tem presença de palco… Eu adorei o que ela entregou aqui.
Resumindo, é um filme que eu assistiria de novo. Mas sem esquecer que é uma obra de ficção com muitas licenças poéticas.
Comentários
Postar um comentário