Kamen Rider Black Sun - Uma nostálgica briga de gafanhotos motoqueiros que eu não sabia que estava precisando assistir.
Não tem como não começar esse texto sem dizer que sim, eu fui uma criança mancheteira. Assisti Changeman, Jaspion, Cybercops… E Kamen Rider Black. Na época, é verdade, eu não tinha a menor ideia de que esses heróis não faziam parte da mesma franquia. Na verdade, eu sabia menos ainda o que era uma franquia.
Kamen Rider Black (lançado no Brasil como Black Kamen Rider) é a 8ª série da franquia. Conta a história dos irmãos Issamu Minami (Kotaru Minami, no original) e Nobuhiko Akizuki que foram transformados pela organização Gorgom em poderosos mutantes que lutariam entre si, onde o vencedor se tornaria o Grande Imperador Secular. Issamu consegue fugir no meio do procedimento. Ele torna-se Black Sun (Senhor Black no Brasil, por conta de um erro de tradução) enquanto Nobuhiko torna-se Shadow Moon. Com essa premissa a série durou 51 episódios que contavam com o estilo tradicional, de um monstro inimigo por episódio.
Em 28 de outubro de 2022 (como comemoração dos 50 anos da franquia e 35 anos da estréia de KRB) estreou, no Amazon Prime Video, o remake desta série intitulado Kamen Rider Black Sun. Dessa vez com uma temática mais adulta, seus 10 episódios trazem uma reimaginação atualizada da premissa da série original.
Aqui a temática adulta não se resume apenas à violência explícita e visceral (quem assistiu o primeiro episódio sabe o que eu estou falando) mas também com relação a temas como xenofobia, racismo, tráfico de pessoas e corrupção política, todos apresentados de forma dura. A série gira em torno da luta entre os Kaijin (humanos que podem se transformar em monstros) para poderem conviver no mesmo mundo que os humanos. No interior desta premissa, temos uma série de reviravoltas que envolvem os Gorgom (que dessa vez são um partido político) e a utilização dos Kaijins como recurso financeiro.
Aqui temos uma produção cheia de efeitos práticos. As lutas não são limpas. Por vezes eu não me importei de estar vendo homens vestidos com roupas de borracha, pois a forma que eles estavam lutando parecia briga de rua mesmo. Tinha chute quando um dos personagens estava deitado, mordidas no baço e até mesmo arrancar um apêndice para usá-lo de espada. Até os golpes especiais aparecem mas sem aquela sensação de que o adversário precisa esperar.
Alguns momentos, entretanto, me pareceram arrastados (principalmente nos últimos dois episódios). Algumas situações como, por exemplo, uma personagem ser vítima de tentativa de sequestro, entender que estão atrás dela e ficar sempre voltando para a casa ou andando sozinha. Ou quando um personagem está lutando com um grupo de inimigos armados. Um dos inimigos se aproxima e começa a atirar nele à queima-roupa. Quem está levando os tiros usa uma armadura que deixa seu rosto exposto. Mas todos os tiros (lembrando, o atirador está a menos de dois metros de distância) vão em direção ao peito.
Tirando esses detalhes eu posso dizer que gostei muito do que assisti. Uma história densa, um Nobuhiko que não parece um tanque de guerra sem sentimentos e um Issamu que tem a seriedade de alguém que está lutando há muito tempo e está cansado. Confesso que não gostei muito do final, mas é uma reimaginação: pode ser que nada daquilo que eu vi seja o que eu realmente acho.
Aliás, não pule a abertura do episódio final: é uma lindeza, principalmente para os velhos paia que nem eu.
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