Ela disse - O preço da sua voz

 

Uma das frases mais emblemáticas na minha lembrança sem duvidas é a de Dumbledore, quando diz: “[...] as palavras são sem dúvidas, nossa maior e infinita fonte de magia [...]”
Essa afirmação do diretor bruxo sempre me fez me questionar o que seria uma pessoa sem essa “magia” e hoje assistindo ao filme “Ela disse”, pude entender um pouco de como seria. 
Fomos convidados pela Universal e Espaço Z, para assistir a cabine de imprensa do filme “Ela disse” que estreia dia 8 de dezembro de 2022 em todos os cinemas do Brasil. O filme é baseado no caso real onde duas jornalistas do “New York Times” denunciam uma serie de casos de assédios sexuais cometidos na indústria de cinema de Hollywood, matéria que ajudou a lançar o movimento #Metoo quebrou décadas de silêncio sobre o tema. 
Existem técnicas de negociações que consistem em manter o negociante em uma cadeira desconfortável para que ele nunca perca o foco ou relaxe, nesse filme tive a mesma sensação: como seria sentar nessa cadeira, entretanto, o desconforto não vem pela qualidade do filme. A obra é brilhante, no entanto, a forma que ele te emerge nas situações de abuso e nos relatos que vão sendo descobertos e retratados, em nenhum momento as vítimas foram expostas, mostrando respeito em não tentar encenar situações tão traumáticas.  Somente com cortes de câmeras e locução descritiva dos relatos das vítimas. O filme te faz sentir o quão desesperador é passar por uma situação assim. 
Confesso aqui que como Homem cis, jamais conseguirei entender a totalidade desse sentimento, mas o filme te transporta e não te deixa esquecer do mal que assombra lá fora. 
Aqui também devo falar das atuações, impecáveis e respeitosas. Brilhante prestigiar a trama ser carregada por duas atrizes incríveis (Carey Mulligan, Zoe Kazan) que interpretam as jornalistas investigativas Megan Twohey e Jodi Kantor. Claro que o destaque fica para Carey Mulligan, no papel de Jodi Kantor que te convida não apenas a entender a trama, mas quase viver ela. Me  senti tão envolvido que conseguia sentir a montanha russa de sensações que a personagem carregava, talvez "brilhante" não seja adjetivo correto para usar, posso aqui dizer que a atuação foi genial.
Vale a ressalva que o filme tanto é dirigido como roteirizado por mulheres, sendo elas Maria Schrader vencedora do EMMY e Rebecca Lenkiewicz, vencedora do Oscar, que ajuda a trazer melhor a visão que aqui tenta passar sobre o assunto: Incômodo, importante e genial. Sem dúvidas, “Ela disse” é o melhor filme que assisti esse ano.



Paulo Victor

CEO da Oniiverse!


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